segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

A partir daqui...

A partir daqui, tudo mudou. O chão estava de pernas para o ar, o chão desabou, um balde de agua fria.
Fiz-me de forte, não chorei à frente dele. Porque o que ele menos queria naquele momento era ver alguém frágil. Ele já tinha muito com que lidar. Interiorizar a noticia, a "bomba".
As primeiras pessoas que contei, foi ao meu namorado, à minha melhor amiga "T.", e irmã do meu namorado (minha cunhadinha, Xana).
O meu namorado estava a trabalhar e a T. disse para ir ter com ela e fui. Porque precisava de alguém para desabafar e ninguém melhor que ela, apesar por tudo o que passou.
Mal meti os pés nas escadas do prédio foi automático, as lágrimas começaram a cair que nem loucas
,sem conseguir controlar. Os óculos escuros esconderam algumas lágrimas até que me enfiei no carro. Chorei o caminho todo até Odivelas onde fui ter com a minha cunhada. E chorei e chorei no ombro dela.
Voltei a meter-me dentro do carro e chorei até chegar a Loures. Tentei controlar até chegar ao pé da T, não queria que ela desabasse depois de tudo o que passou. Mas eu precisava dela, precisava de estar ali. Choramos as duas, era inevitável.
Depois de estarmos juntas, voltei a meter-me no carro, sem chorar desta vez e fui para Odivelas ter com o meu namorado.
Escusado será dizer que ao chegar ao pé dele, voltei a chorar e a chorar. Não me disse nada, apenas deixou-me ficar no colo dele enquanto eu chorava e ele fazia festas na cabeça.
Não me recordo muito bem dos momentos depois, a minha cabeça andava a divagar...

2015, ó 2015.

2015, ó 2015.

 Não foi um ano nada fácil, primeiro a operação da avó ao joelho. Onde me desdobrei, todos os dias hospital para lhe fazer companhia e depois o regresso dela a casa. Noites mal dormidas, fazer tudo em casa e ainda mais o trabalho.
Passado uns meses ela conseguiu recuperar, apesar de hoje ainda sentir algumas dores consegue fazer a vida dela.

Por volta de Março 2015 o meu pai começa com umas dores nas costas, sempre a dormitar no sofá.
Achámos que era a dita  velhice o cansaço, sempre a trabalhar. Era muito raro faltar ao trabalho por estar doente. Tinha uma ou outra gripe e nunca se queixava de nada. Não ia ao medico. Apenas fazia analises de rotina e essas não acusavam nada de anormal.
As dores nas costas persistiam e decidiu ir ao medico, levou injecções, mas as dores continuaram.
Começaram os exames, exames às costas, exames aos rins e por aí fora. Um deles revelou que algo se passava e então foi necessário fazer um TAC. Fui com ele fazer esse dito TAC.
Estava à espera que ele saísse e não vi, mas ouvi,ele a falar com a médica. Não posso dizer que percebi tudo, pois não percebi. Consegui apanhar "tem umas massas muito grandes", sangramento.
Fiquei em estado de alerta, queria que os resultados ficassem logo prontos para ter a certeza que não era nada de grave.
Até os resultados saírem e ir ao medico família mostrar, foi angustiante.
Chorei muitas vezes, apesar de não saber ainda o que se passava. Tinha que ter pensamento positivo, mas às vezes não é fácil. O primeiro pensamento, é estúpido, foi cancro, isto porque o meu avô (pai do meu pai) faleceu com cancro no pâncreas.
O meu avô, o meu segundo pai (mais à frente irei falar dele).

Uma quarta feira, lembro-me como se fosse hoje. Faltei ao trabalho, não ia conseguir estar lá enquanto se sabia os resultados dos exames e o que o medico ia dizer.
Quando os meus pais chegaram a casa, já eu tinha deitado rios de lágrimas.
O meu pai veio ter comigo para me dizer o que o medico tinha dito, e o pior cenário confirma-se. Cancro, esta doença maldita.
Processo já estava a ser encaminhado para IPO Lisboa.
 E a partir daí...







Inicio...

Não sei muito bem por onde começar, mas há umas semanas para cá sinto necessidade de escrever. Talvez seja a melhor forma de expressar e libertar o que vai dentro de mim.. Um acumular de coisas, e fui guardando, porque às vezes não é fácil falar com as pessoas.
Criei este blog, não sei se para partilhar ou apenas só para mim. Quem sabe um dia sinta a necessidade de o partilhar com o "mundo".